Lembro do Nico como um super herói com sua arma(baixo). Ele era muito confiante e inspirador ao tocar. Em 1992 comecei a sair pra ouvir um som e não foram poucas as vezes que eu procurava por esse herói nos cadernos de música dos jornais do Rio e BH. Ele sempre vinha aqui em BH e eu não deixava de ver o Nico em ação. Era uma nova aventura cada vez que eu tinha a oportunidade de vê-lo.
Pra começar comprei um baixo de 6. Fui o primeiro a ter um em BH. E ficava sempre por perto perguntando como era isso ou aquilo.Mas foi principalmente na atitude. Eu percebi vendo o Nico tocar, que aquele momento no palco era a hora de colocar toda a energia pra fora. Até então eu achava que era só você aprender algumas escalas e arpejos que já estava tudo certo. Não, o Nico levava o "playing" ao limite. Bem, eu tive a honra de conhecê-lo e de ouvir elogios e palavras de incentivo. Isso me dá novo ânimo até hoje. Sempre comento isso com o Lincoln Cheib, baterista mineiro, que tocava no trio do Nico e hoje acompanha o Milton Nascento.
Me lembro bem de um show do Wagner Tizo na praça da estação. Estavam no palco o general Márcio Montarroyos e o Nico. E como não tinha bateria, o Nico fez tudo. O que quero dizer é que ele estava ali no centro do palco fazendo um tapetão vermelho para os amigos passarem. Ele fazia a condução, os acordes, tappings e improvisava sempre com muita propriedade. Com um big sorriso no rosto e um swing que não se vê por aí. Afinal era o super Nico Assumpção.
O Nico inventou um jeito de tocar os ritmos brasileiros e o samba-funk com uma sofisticação incomparável. As levadas, os solos e a presença de palco são coisas que vão influenciar muitas gerações ainda. Vejo sempre um aluno de baixo com o método do Nico falando como se o professor pudesse sair de dentro desse livro, tal o poder do que está ali dentro e o legado que o héroi deixou.
O baixista, pianista, compositor e arranjador Enéias Xavier já dividiu o palco e gravou com grandes nomes da música nacional e internacional em seus quase 10 anos como profissional. Entre eles: Flávio Venturini, Nelson Ângelo, Maria Schneider, Nenê, Chico Amaral, Vinícius Dorin, Paulinho Trompete, Márcio Montarroyos, Hélio Delmiro, Robertinho Silva, Lincoln Cheib, Idriss Boudrioua, Alexandre Carvalho, Wilson Lopes, Beto Lopes, Harvey Wainapel, Eileina Willians, Mark Lambert, Vana Gierig, Rogério Boccato, Proveta, Teco Cardoso, Túlio Mourão, Sandro Haick, Paulo Russo, Celso Adolfo, Juarez Moreira e Fredera.
Enéias Xavier recebeu outro prêmio na noite em que venceu o III Prêmio BDMG-Instrumental – foi eleito pelo público como a Melhor Apresentação da Noite.
Com o trio do baterista Nenê tocou por 8 anos e gravou três álbuns (“Fredera e Nenê” (setº. 95), “Suíte Curral Del Rey” (setº 97) e “Porto dos Casais” (julº 98) ao lado de Magno Alexandre e Vinícius Dorin.
Enéias Xavier também mantém trabalhos com Flavio Venturini, Chico Amaral, Vinícius Dorin e grupo, Nenen/ Beto Lopes Trio.
Gravou ainda com Diante do Trono, Harvey Wainapel, José Namen, Eduardo Delgado, Hélio Delmiro, Chico Amaral e Flávio Henrique, João Alexandre, Regina Spósito, Paula Santoro e seu primeiro disco entitulado “JAMBA”; que conta com participações de peso como o do saxofonista do grupo de Hermeto Pascoal Vinícius Dorin, o baterista Esdra “Nenen” Ferreira, o multi instrumentista Sandro Haick do grupo Mr. Motaba – SP, o guitarrista Beto Lopes e o saxofonista Chico Amaral.
Seu segundo disco “O Peregrino” tem a apresentação do disco em cabeçada pela arranjadora e compositora norte americana Maria Schneider. Participam ainda, Dean Brown, Toninho Horta, Rudi Berger, Ricardo Fiúza e Írio Jr.
Enéias Xavier lecionou como professor convidado nos CEM – Curso de Extensão da UFMG – é ainda diretor da Escola da Terceira Igreja Batista de Belo Horizonte onde leciona os cursos de piano, contrabaixo e violão. Atualmente é um dos mestres da Bituca – Universidade de musica Popular em Barbacena-MG. Cujo padrinho é Milton Nascimento.