A primeira coisa que me vem a cabeça quando lembro do Nico é a sua excelência, em seguida sua elegância, e amizade sincera!!
O que posso dizer mais de meu amigo querido Nico? Que a falta que sinto dele é algo que o tempo ameniza mas que não extingue!
Nico era como um irmão pra mim, gentil, amigo, sempre leal, sempre bem humorado, por mais que fosse exigente, perfeccionista, e até pavio curto com muita gente, nunca ouvi da boca do Nico uma palavra ríspida, pelo contrário, só carinho, um gentleman!
O maior baixista com quem tive o prazer de compartilhar o palco, sem desmerecer os outros, pois já trabalhei com baixistas espetaculares! Ele aguçava nossa capacidade de ir além do convencional, além de nossos limites previsíveis, nos dava o chão pra que a técnica se unisse com a emoção, um luxo dividir o palco com ele!!
Sua elegância musical e genialidade eram ímpares, únicas, marca registrada que vai ficar pra sempre.
Conheci o Nico numa noite de Free Jazz Festival no Jazzmania, onde eu estava cantando com a banda All Stars, com Claudio Infante, Artur Maia e Renato Neto, me lembro que fiz um duo de baixo e voz com Artur de " Goodbye Pork Pie Hat" de Charles Mingus e Joni Mitchell, mesma canção que anos depois eu e Nico gravaríamos, também de baixo e voz, mas na ocasião eu acho que foi a primeira vez que Nico me viu cantar, e veio falar comigo, eu fiquei honradíssima, imagina, o grande Nico Assumpção vir falar comigo e me elogiar!! A partir de então ficamos amigos e a partir dessa nossa amizade fiz grandes amigos através dele.
Nossas "gigs" eram divertidíssimas e ao mesmo tempo tinham uma aura de desafio, imagina cantar com uma banda de "feras" e com Nico, mas sempre que ele precisava de cantora ele me chamava.
Nico era muito generoso em sua maneira de compartilhar sua experiência como músico e como o expert que era em seu instrumento, era um líder, e posso dizer sem sombra de dúvidas que ele não era só expert em música, mas ele era uma enciclopédia ambulante, tinha um conhecimento absurdo de qualquer tipo de assunto, era impressionante, sempre acima da média, sempre hiper inteligente, e quem conviveu com ele de perto sabe que não estou exagerando.
Fui testemunha de sua vida familiar durante um tempo, o primeiro casamento com Paula, o nascimento da Mariana, que na época eu chamava de Marianinha, que hoje é uma mulher linda! Mari via o papai e a Tia Beth gravando sentados no chão da sala e se divertia muito, me lembro que ela fazia desenhos pra mim, eu os tinha até pouco tempo atras.
Quanto a seu segundo casamento não tive muito contato mas sabia que ele estava muito feliz com a Rossana, e isso me deixava feliz de saber que meu amigo estava feliz, sempre torci muito pela felicidade dele.
Tenho um momento guardado na minha memória afetiva e profissional que nunca me esqueci, no Festival de Jazz de Ipanema em 1992, na Praça Nossa Senhora da Paz, onde tinham 5 mil pessoas nos assistindo, a banda era, Nico, eu, Luis Avelar (piano), Vidor Santiago (sax) e Carlos Bala na batera, o show foi fantástico, mas em uma das músicas chamada "Cantador" de Dori Caymmi e Nelson Motta, ficamos só eu e Nico no palco, baixo e voz, me lembro que a Visconde de Pirajá parou de respirar, todos pararam pra escutar, foi lindo e mágico, aquele momento em suspensão, nunca vou me esquecer!! Foram muitos momentos lindos e emocionantes compartilhados!
Nico trouxe para a música brasileira uma concepção de elegância musical raramente vista, com o domínio de seu instrumento, tanto o elétrico como o acústico, que beirou a perfeição, deixando um legado indiscutível em termos de uma musicalidade que vai perdurar pra sempre nos ouvidos de quem se propõe a ouvir música de verdade, de qualidade, com generosidade, música com alma!
Nico, um gênio em todos os sentidos, um irmão em todos os momentos em que convivemos, uma pessoa que veio ao mundo pra fazer diferença. Tenho e sempre terei a honra de dizer que fui sua amiga na vida e na música!
Pra mim, e creio que pra muitos, Nico, um dos maiores baixistas de todos os tempos!
Beth Bruno, iniciou sua carreira no Rio de Janeiro, através de festivais de música, onde ganhou vários prêmios como melhor intérprete.
Participou como vocalista em discos e shows de grandes nomes da MPB como Djavan, Roberto Carlos, Ivan Lins, Beto Guedes, Gilberto Gil, Milton Nascimento entre outros.
Sempre se apresentou nas principais casas de espetáculos, bem como teatros do Rio, entre os quais, Teatro João Teotônio, Mistura Fina, Teatro Cândido Mendes, Teatro Dulcina, Espaço Cultural Sérgio Porto, Teatro Cultura Artística (SP) Centro de Convivência (Campinas), Teatro da UFF e ainda Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Teatro Municipal de Niterói, entre lonas culturais e muitos outros.
Beth Bruno viveu momentos especiais ao lado de grandes instrumentistas brasileiros, tais como Nico Assumpção, Artur Maia, Sebastião Tapajós, Délia Fischer, Marco Pereira, e outros.
Junto com Carlos Lyra e o ator Antônio Pedro, Beth Bruno destacou-se no papel título da comédia musical “Pobre Menina Rica”, de Vinícius de Moraes e do próprio Carlos Lyra.
Dividiu o palco por inúmeras vezes, em eventos de grande público, com grandes nomes da MPB: entre eles, Paulo Moura, Altamiro Carrilho, Beth Carvalho, Francis Hime, Roberto Menescal , Guinga e outros.
Beth Bruno foi intérprete da música “Zen Vergonha”, no primeiro CD da parceria Guinga/Aldir Blanc, sendo a faixa em que Beth participou, indicada para o prêmio Sharp de melhor arranjo daquele ano. Esse mesmo CD, contou com a participação de Chico Buarque, Ivan Lins, Leny Andrade, Cláudio Nucci, Leila Pinheiro, entre outros.
Foi convidada, juntamente com o falecido e inesquecível Nico Assumpção, para o Festival de Jazz de Ipanema, onde foram ovacionados por um público de mais de cinco mil pessoas.
Trabalhou ao lado de Ivan Lins e da banda Batacotô, excursionando pelo Brasil e Estados Unidos. Beth faz parte do CD “Elas cantam Caetano Veloso”, interpretando “Dom de Iludir”. Trabalhou como vocalista ao lado dos astros internacionais Al Jarreau e Marcus Miller no Free Jazz Festival. Beth Bruno faz parte do Songbook Antônio Carlos Jobim volume 5, de Almir Chediak, fazendo duo com o cantor Ed Motta , na faixa “Imagina”.
Participou do Festival Internacional de Música de Hatillo, em Caracas na Venezuela e do “ Santa Mônica Summer Festival “ em Los Angeles , na Califórnia, além de se apresentar nas melhores casas de Jazz de Boston USA .
Participa da trilha sonora composta por Wagner Tiso para o filme “Tiradentes” de Oswaldo Caldera , cantando “Blowing in the wind “ de Bob Dylan.
Interpreta a música da trilha sonora do premiadíssimo curta metragem ”De Janela para o Cinema”, do diretor Quiá Rodrigues, composta por Ed Motta e Ronaldo Bastos, intitulada “Rainbow’s End“, que ganhou os melhores prêmios de melhor curta de animação no país incluindo o Festival de Gramado (Kikito de Ouro) e primeiro lugar nacional e segundo lugar mundial no Festival Anima Mundi de Filmes de Animação 1999, o Primeiro Grande Prêmio Brasil de Cinema (2000), além de ter sido um dos indicados como melhor curta de animação no Festival de Cannes (2000), na França. Fez parte da banda, como vocalista, do cantor e compositor Milton Nascimento no Show Cronner. Seu primeiro cd solo, intitulado “Luz“ saiu pelo sêlo Niterói Discos. Beth também participa do projeto do DJ inglês Martin Enzo de Chillout Music, entitulado “The Lunar Ark of Isis“ com a música “The Circles of Mistique “ a qual é sucesso nas pistas do norte da Inglaterra e Irlanda. Participa da trilha sonora da peça teatral “Teatro Popular Brasileiro” de Marta Metzler, cantando a música “O Teatro da Natureza” de Marco Pereira e Aldir Blanc. Participa como convidada do cd do baixista niteroiense Mazinho Ventura cantando a faixa “ For you”.